quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Estava a cigarra, saltitante, a cantarolar pelos campos, quando encontrou uma formiga que passava carregando um imenso grão de trigo.
"Deixe essa trabalheira de lado" - disse a cigarra - "e venha aproveitar este dia ensolarado de verão".

"Não posso. Preciso juntar provimentos para o Inverno" - disse a formiga - "e recomendo que você faça o mesmo".
"Eu, me preocupar com o inverno?" - perguntou a cigarra? "Temos comida de sobra por enquanto".

Mas a formiga não se deixou levar pela conversa da cigarra e continuou o seu trabalho.

Quando o inverno chegou, a cigarra não tinha o que comer, enquanto as formigas contavam com o suprimento de alimentos que haviam guardado.
Morrendo de fome, a cigarra teve de bater à porta do formigueiro onde foi acolhida pelas formigas, e assim aprendeu sua lição.

A Águia

A águia



Certo dia uma águia olhou para baixo, do alto do seu ninho, e viu uma coruja.
- Que estranho animal! - pensou consigo mesma. Certamente não se trata de um pássaro.
Movida pela curiosidade, abriu suas grandes asas e pôs-se a descer voando em círculos
Ao aproximar-se da coruja perguntou:
- Quem é você? Como é seu nome?
- Sou a coruja - respondeu o pobre pássaro em voz trêmula, tentando esconder-se atrás de um galho.
- Ha, ha! Como você é ridícula! - riu a águia, sempre voando em torno da árvore. Só tem olhos e penas! Vamos ver, acrescentou, pousando num galho, - vamos ver de perto como você é. Deixe-me ouvir melhor sua voz. Se for tão bonita quanto sua cara vou ter que tapar os ouvidos.
- Enquanto isso a águia tentava, por meio das asas, abrir caminho por entre os galhos para apanhar a coruja.
Porém um fazendeiro havia colocado, entre os galhos da árvore, diversos ramos cobertos de visgo, e também espalhara visgo nos galhos maiores.
Subitamente a águia viu-se com as asas presas à árvore, e quanto mais lutava para se desvencilhar, mais grudadas ficavam suas penas.
A coruja disse:
- Águia, daqui a pouco o fazendeiro vai chegar, apanhar você e trancá-la numa grande gaiola. Ou talvez a mate para vingar-se pelos cordeiros que comeu. Você, que passou toda a sua vida no céu, livre de qualquer perigo, tinha alguma necessidade de vir até aqui para caçoar de mim?



Leonardo Da Vinci
Os três Cabritinhos

Segundo Gudrun Thorne-Thomsen, do livro East of the Sun and West on the Moon.
"Era uma vez três Cabritinhos Travessos que costumavam pastar numa colina onde havia um capim bem verdinho. Para se chegar lá, porém, tinham que atravessar uma ponte embaixo da qual morava uma bruxa terrível e horrorosa, que tinha um nariz curvo e comprido e uns olhos enormes, bem arregalados.Um dia, quando o sol já se ia escondendo, lá foram os Cabritinhos Travessos pastar.Na frente, vinha o cabritinho mais novo atravessando a ponte: Trip, trap, trip, trap...- Quem está caminhando sobre a minha ponte? Rosnou a megera.- Sou eu, o Cabritinho Caçula. Vou pastar lá na colina para ficar bem gordinho, disse o menor de todos, com um fiozinho de voz.- Espera aí que já vou te devorar, respondeu a bruxa.- Oh, não, por favor! Eu sou tão magrinho, disse o Caçula. Espere um pouquinho, que já vem aí o meu irmão mais velho, ele é muito maior do que eu.Ouvindo isto, a Bruxa resolveu esperar o outro cabritinho."Trip, trap, trip, trap..."- Quem está passando na minha ponte?- Sou eu, o Segundo Cabritinho. Vou pastar lá na colina, para engordar um pouco.- Espera aí, já vou te comer.- Por favor, dona Bruxa, deixe-me passar. Lá vem vindo o meu irmão mais velho. Ele é muito maior do que eu.A Bruxa ficou esperando."Trip, trap, trip, trap..."- Quem está passando aí na minha ponte?- Sou eu, o maior dos cabritos.- Espera aí, vou te comer todo de uma vez.Mas, dessa vez a resposta foi bem diferente:"Venha, que sou bem valente!De bruxas não temo o berro.Pra isso, tenho bons dentes,E chifres que são de ferro!"A Bruxa tentou agarrar o cabrito, mas ele não perdeu tempo: avançou sobre ela, empurrou-a com os chifres e atirou-a dentro do rio que passava em baixo da ponte. Depois, calmamente, foi reunir-se aos irmãos, no pasto da colina. Os três cabritinhos engordaram tanto, que mal puderam voltar para casa. Quanto à bruxa, nunca mais se ouviu falar nela."

domingo, 11 de novembro de 2007

História - A Margarida que queria ser Rosa



A Margarida que queria ser Rosa


Naquele jardim, todos os dias eram assim: as roseiras acordavam, abriam bem devagarinho as pétalas das rosas, uma a uma, e se espreguiçavam, De repente se sacudiam contentes e então apareciam inteirinhas, tão bonitas as rosas!
E todas as outras flores, todas as plantinhas, até aquele matinho que crescia tão feinho encostado no muro de pedra, todos diziam: Mas que cheirinho bom!!!
E a lagarta engraçada, que anda com andar de sanfona, também dizia ( e a voz dela era de sanfona desafinada): Mas que cheirinho bom!!! E a formiguinha? Passava muito depressa, sempre trabalhando, carregando uma folha bem maior do que ela. Empinava o narizinho, cheirava o ar e falava bem fininho e depressinha: Mas que cheirinho bom!!!
E aparecia a menininha bonita que ia pra escola toda arrumadinha, uma fita prendendo o cabelo num rabo de cavalo, de mãos dados com o irmãozinho. Era a Luana, e o irmão era o Quito. Quando passavam pelo jardim, diziam ao mesmo tempo: Mas que cheirinho bom!!!
Pois é, mas não pense que tudo e todos estavam contentes, não. As margaridas... ah, elas também moravam no jardim, em uma “margarideira” que ficava um pouco distante das roseiras. Elas achavam as rosas lindas com aquela cor quase vermelha e aquele perfume. Mas que cheirinho bom!!! E as margaridas eram brancas com o miolo amarelo. E não gostavam do amarelo!
- Ah, eu sou feia, e ainda por cima tenho esse miolo amarelo! Detesto amarelo!
Falavam sozinhas, às vezes com a formiguinha.
Mais tristes ainda ficavam quando viam a Luana parar perto da roseira, encostar o narizinho arrebitado em uma rosa e dizer pro Quito: Vamos levar uma rosa pra mamãe?
Um dia, uma das margaridas pediu à lagarta:
- Lagarta, você pode me levar lá pra bem perto da roseira? Eu quero virar rosa, ficar cheirosa e bonita também.
- Ah, é melhor você pedir pra minhoca , ela é quem sabe fazer o caminho pela terra. Eu só ando pelas plantas pra comer as folhinhas.
Piscou os olhos e foi andando, esticando e encolhendo o corpo. Mas a minhoca foi logo dizendo:
- Eu não tenho força pra carregar você, meu corpo é muito mole!
E a margarida pedia pra todo mundo. Ela queria mesmo virar rosa!
Até que um dia passou pelo jardim uma menina gorducha, a Maíra. Viu a margarida e disse pra sua boneca: Mas que florzinha bonita! Tão branquinha, aquele redondinho que ela tem no meio parece um sol cheio de raios! Vou levar pra mamãe, vou fazer um buquê pra ela. E que bom que essa não tem perfume, a mamãe tem alergia! E quando essa flor ficar velha no jarro eu posso brincar assim, ó! E pegou uma margarida já meio murcha e foi tirando as pétalas dela, enquanto dizia: mal me quer (arrancava uma), bem me quer (arrancava outra). Até que só ficou uma pétala no galho e ela gritou bem alto: Bem me quer!!! E toda contente deu um beijo na boneca que ela gostava tanto – Viu, Bilu, você gosta de mim como eu de você!
E então a margarida ouviu a roseira falando: Ah, eu queria ser margarida... Nenhuma menininha gosta das minhas rosas pra brincar!!! E agora, quando a roseira vai acordando com todas as rosas se espreguiçando e todos dizendo mas que cheirinho bom!! – a margarida ri e diz baixinho, toda prosa: E que florzinha boa pra enfeitar e brincar!!!

História - O Apanhador de Sonhos


O Apanhador de Sonhos

Bem cedinho, antes mesmo de todos acordarem, Zacarias percebeu que aquele seria um sábado maravilhoso. Duas zebras e um enorme cachorro peludo estavam bebendo água no chafariz de seu jardim. Há meses Zacarias vinha pedindo aos pais um cachorro como aquele.
- Esperem por mim! – ele gritou, calçando o tênis.
As zebras saíram galopando pelo jardim assim que Zacarias abriu a porta. O cachorro correu atrás delas. Quando Zacarias ia persegui-los, notou outra coisa estranha. Na entrada de suas casa havia um caminhão com os pára-lamas sujos.Um velho baixinho estava de pé em cima de um caixote, olhando dentro do capô. Ele vestia um macacão com botões brilhantes.
- Bom dia – disse Zacarias. – Quem é você?
- Leia o que está escrito na porta – sugeriu o velho, sorrindo.
- Apanhador de Sonhos. – Zacarias leu em voz alta e perguntou espantado: - O que isso quer dizer?
O Apanhador de Sonhos tirou a cabeça de dentro do capô e sorriu. Ele tinha bochechas rosadas e olhos tão azuis como as tardes de verão.
- Você já pensou no que acontece com seus sonhos? – ele perguntou a Zacarias.
Zacarias balançou a cabeça negativamente.
- Ah, não? Bem, eu venho de madrugada e recolho todos. É regulamento da prefeitura – explicou o Apanhador de Sonhos.
- Uau! E o que acontece se você não recolhe os sonhos? – perguntou Zacarias.
- Isso seria um desastre! – exclamou o Apanhador de Sonhos. – Quanto mais a manhã se aproxima, mais reais se tornam os sonhos. Uma vez tocados pela luz do sol, eles permanecem para sempre. Imagine! A cidade ficaria abarrotada de sonhos!
Naquele momento, dois piratas apareceram na rua.
- Eles eram do sonho de alguém? – perguntou Zacarias.
- Sim – respondeu o Apanhador de Sonhos, enquanto voltava a trabalhar no motor.
Zacarias o ouviu resmungar algo a respeito de anéis de pistão. – Seu caminhão enguiçou? – ele perguntou.
- É. Não quer pegar e eu esqueci minha caixa de ferramentas – o Apanhador de Sonhos parecia preocupado.
- Posso pegar algumas ferramentas em casa – ofereceu Zacarias. – O que você precisa?
- Você pode me conseguir uma chave de vela, um verificador de bateria e um jogo de chaves de boca?
Zacarias correu até a garagem e olhou para as ferramentas de seu pai. Ele não sabia bem como se chamavam. O único jogo que viu foram uns apetrechos de beisebol que pareciam muito usados. Ele encontrou o verificador de bateria, mas não sabia qual das chaves era a certa. Pegou uma porção delas para que o Apanhador de Sonhos pudesse escolher.
Assim que Zacarias voltou ao caminhão, o cachorro peludo passou correndo, perseguindo três coelhos.
- Ei, aquele cachorro era do meu sonho! – exclamou, surpreso, Zacarias. – Eu queria tanto ter um cachorro como aquele.
Naquele momento havia sonhos por toda parte. O Apanhador de Sonhos olhava à sua volta ansiosamente.
- A rua já deveria estar desocupada – ele se lamentava.
– Em breve o sol nascerá. Isso é muito sério.
Ele apanhou uma ferramenta das que Zacarias havia trazido, mas Zacarias achou que era pequena demais para um caminhão tão grande. Será que o Apanhador de Sonhos sabia o que estava fazendo?
- Posso ajuda-lo a consertar o caminhão? – perguntou Zacarias. – Uma vez consertei o aspirador de pó da minha mãe, depois que ele aspirou meus brinquedos.
O Apanhador de Sonhos sorriu.
- Caminhões e aspiradores são bem diferentes por dentro. Mas, talvez, você possa fazer um serviço especial para mim.
- O quê? – perguntou Zacarias.
- Talvez você possa colocar os sonhos para dentro do caminhão. Mas alguns sonhos, como o cachorro, podem ser difíceis de pegar – ele falou com um brilho no olhar. – Você acha que consegue fazer isso?
- Oh, sim, eu consigo – respondeu Zacarias, todo empolgado.
Então Zacarias entrou em casa e escolheu cuidadosamente as coisas de que necessitaria para capturar os sonhos. Quando voltou, o sol já estava nascendo. Ele teria de ser rápido.
As cenouras e a corda funcionaram bem, e logo as zebras estavam dentro do caminhão. As araras gostaram do apito prateado.
- Este trabalho é moleza – disse Zacarias.
- Agora vou procurar o cachorro peludo.
Zacarias ouviu latidos no quintal do vizinho e foi investigar. O cachorro estava saltando por entre anéis de fogo que um dragão soltava pela boca.
Naquele instante um cavaleiro de armadura apareceu no quintal e, vendo o dragão, puxou sua espada. O cachorro saiu correndo.
- Volte aqui! – gritou Zacarias, mas o cachorro continuou correndo.
Quando o cavaleiro ergueu a espada, o dragão empalideceu de pavor. Felizmente, naquele momento um cavalo enorme saiu trotando do canteiro de rosas.
O cavaleiro guardou sua espada e, todo feliz, abraçou o pescoço do cavalo.
- Puxa – sussurrou Zacarias -, essa foi por pouco.
Agora o quintal estava repleto de sonhos.
- Sigam-me todos! – ordenou Zacarias, mostrando o caminho.
Um a um, os sonhos foram subindo a rampa para dentro do caminhão. Zacarias suspirou aliviado. Só faltava o cachorro.
Zacarias seguiu novamente pela rua, assobiando para chamá-lo. O latido do cachorro parecia vir de dentro de uma moita.
- Saia já daí! – gritou Zacarias, afastando os galhos.
Mas o cachorro havia desaparecido.
Os raios do sol já estavam alcançando o topo das árvores. Zacarias decidiu que era melhor falar com o Apanhador de Sonhos.
- Falta muito para consertar o caminhão? – ele perguntou. – Nosso tempo está se esgotando.
- Eu sei, mas não consigo achar o defeito – respondeu o Apanhador de Sonhos, escolhendo outra ferramenta.
Zacarias sentou-se no pára-choque. – Sabe de uma coisa? – perguntou. – Eu sempre durmo de olhos abertos para poder enxergar os meus sonhos passando no escuro. Uma vez sonhei com rinocerontes.
- Eu me lembro – respondeu o Apanhador de Sonhos. – Era um rinoceronte tão pesado que achei que as molas do meu caminhão não fossem agüentar. Vamos ter de fazer um trato, Zacarias, nada de sonhos com rinocerontes.
- Talvez – disse Zacarias, sorrindo.
Enquanto o Apanhador de Sonhos experimentava outras ferramentas, Zacarias foi procurar o cachorro. Olhou nas garagens, nos jardins, embaixo dos caminhões e atrás das árvores. Então, ouviu um barulho. Correu em direção ao cachorro, mas ele saltou mais rápido. Zacarias levantou-se do chão cuspindo terra. Não havia sinal do cachorro. “Talvez ele goste desta rua”, pensou Zacarias. “talvez ele não queira ir embora.” Os raios de sol brilhavam em todas as janelas das casas. Zacarias foi dizer ao Apanhador de Sonhos que um dos sonhos ainda estava solto.
- Afaste-se! – avisou o Apanhador de Sonhos quando Zacarias apareceu. – Vou tentar fazer o motor funcionar.
Zacarias afastou-se. Seguiu-se uma longa pausa. O cavalo relinchou. Então houve uma explosão, e o motor voltou a funcionar. E bem a tempo, pois a luz do sol já inundava a rua.
- Viva! – gritou o Apanhador de Sonhos. – Obrigado. Não teria conseguido sem a sua ajuda!
- Não consigo encontrar o cachorro! – gritou Zacarias.
O Apanhador de Sonhos seu um assobio agudo e o cachorro peludo saltou de dentro das moitas. Ele era exatamente como Zacarias imaginava que um cachorro deveria ser, com longos bigodes e olhos da cor de chocolate. Quando o cachorro abanou o rabo, suas patas traseiras quase saíram do chão.
- Você gostaria de ficar com esse cachorro? – perguntou o Apanhador de Sonhos.
- Eu adoraria! – respondeu Zacarias.
- Então ele é seu – disse o Apanhador de Sonhos. – Vais ser mais divertido que consertar o aspirador de pó.
Zacarias deu um berro. Quase não podia acreditar na sua sorte.
- Obrigado! – ele gritou.
O Apanhador de Sonhos soltou o freio e acenou. – E o nosso trato? – ele gritou. – Nada de rinocerontes, hem!
- Combinado! – respondeu Zacarias, rindo, emquanto o caminhão saiu andando com suas molas arriadas.
Zacarias agarrou seu maravilhoso cachorro dos sonhos pela coleira e juntos correram para casa.
- Vamos pular na cama de mamãe e papai – disse Zacarias. – Eles vão achar que ainda estão sonhando, quando abrirem os olhos e virem você!

Fábula - A Lebre e a Tartaruga



A Lebre e a Tartaruga


Um dia, uma Lebre ridicularizou as pernas curtas e o passo lento da Tartaruga. A Tartaruga disse rindo: "Pensa você ser rápido como o vento; Mas Eu venceria você numa corrida."


A Lebre, considerou sua afirmação algo impossível, e aceitou o desafio. Eles então concordaram que a Raposa escolheria o trajeto e o ponto de chegada.


E no dia marcado, do ponto inicial eles partiram juntos. A Tartaruga, em momento algum parou de caminhar; com seu passo lento, mas firme, em direção à chegada.


A Lebre, confiante de sua velocidade, despreocupada com a corrida, deitou à margem da estrada para um rápido cochilo. Ao despertar, correu o mais rápido que podia, e viu que a Tartaruga já cruzara a linha de chegada, e agora descansava traquila depois do esforço.


Moral da História: Ao trabalhador que realiza seu trabalho com zelo e persistência, sempre o êxito será o seu quinhão.